21 de fevereiro de 2020
Post publicado por Vitoria Dabus

Hailey Bieber que estrelou mais uma Vogue nesse mês de Março e dessa vez da edição espanhola, durante a sessão de fotos realizada pela Emma Summerton, a modelo se abriu na entrevista e contou alguns aspectos de sua vida. Confira logo a seguir a tradução na íntegra:

Um homem com idade mediana descarrega um punhado de bolsas de um Toyota Prius, possivelmente o carro mais presente no trânsito de Los Angeles. Ao julgar pelo conteúdo vinte aperitivos com nomes como Flamin’Hot Cheetos, com creme de milho frito ou pipocas em manteiga orgânica, a cena nesta rua na colina de Hollywood podia parecer uma festa de aniversário infantil, mas a festa de calorias na realidade é um pedido expresso de Hailey Bieber (Tucson, Arizona, 1996) que acaba de chegar a sessão de fotos onde irá estrear na capa de Vogue Espanha. Não se escuta um pássaro nesse trecho de North Hillcrest Road, quando a modelo texana aparece com pele de carneiro, um par de jeans e uma Birkenstock que ela combina com meias, escondendo o rosto atrás dos óculos de sol, entra em uma das mansões que nos anos setenta viraram tendência imitando ao estilo Eichler. O interesse de Bieber se concentra pouco na arquitetura e muito mais na bandeja de bacon que esta sobre uma mesa no terraço cujo odor a faz dar um grito pletórico “Isso é um café da manhã, não se esqueça”, diz ao estilista Patrick Mackie.

 Pega três pedaços e se joga no sofá, como se os problemas de sua vida se acabassem graças ao manjar dos porcos. A cena sendo breve e absolutamente simples, ressalta bastante simbólica de quem é uma das mulheres mais requisitadas, perseguida e analisada dos Estados Unidos, desde que casou com o cantor Justin Bieber em setembro de 2018. Com quem come, quem a elogia nas redes sociais e como se veste, são assuntos de status para a imprensa e um quebra cabeça para as fãs de seu agora marido, tanto que reconhece que viveu momentos de “angústia e ansiedade”. Porém como demonstrará nessa jornada como a filha do ator Stephen Baldwin e da desenhadora gráfica Kennya Deodato relaxa ao se sentir segura em uma sombra atrás de uma palmeiras californianas, se transforma em uma jovem de 23 anos que só busca um pouco de privacidade, um espaço próprio na indústria da moda e um pouco de carboidratos para levar a alma quando necessário “Se eu tenho que conquistar tudo o que me foi proposto, que ao menos seja divertido”, brinca.

 Duas horas depois vestida como uma estrela dos anos setenta, a fotografa Emma Summerton captura seu rosto em um dos quartos da habitação transformado em uma espécie de registros cinematográficos com piscadelas para Marilyn Monroe, Faye Dunaway, Goldie Hawn ou Elizabeth Taylor “Sempre admirei essas mulheres que fizeram o que elas tinham vontade a vida toda, então eu me sinto bem mais confortável nesse papel”, brinca olhando uma das fotos na qual usa uma peruca e parece Marilyn Monroe.

 Com tudo a modelo texana também viveu na própria pele as luzes e sombras de ser mundialmente conhecida desde que apertou as mãos do escritor de Yummy em 2009 em um encontro proporcionado por seu pai. Nascia então um relacionamento intermitente, seguido pela mídia durante mais de uma década até os dois decidirem confirmar o casamento, que seria seguido por outra festa com a família e amigos na Carolina do Sul em setembro de 2019. “Estaria mentindo se dissesse que esses anos foram fáceis. Mas a fama não é algo com que você se acostuma, nem tão pouco as consequência das decisões que eu tomei depois disso. As vezes é difícil lidar com o fato de que as pessoas te seguem todo o dia, que saibam quase tudo que você faz. Esse ano passei por situações difíceis, mas eu não tive outra opção ao não ser aceitar e seguir a minha vida da forma mais normal possível”. Essa normalidade buscada pelo casal fez com que eles dividissem seu tempo entre Los Angeles e Ontário, Canadá, onde vive a família do cantor “Digamos que é o nosso refúgio, é um lugar seguro pra nós dois porque podemos nos recarregar e desconectar sem nos preocuparmos com nada mais. É justo ter que correr para um avião para ter alguma tranquilidade? Não. Mas a vida não é justa, assim temos que compensar uma coisa com a outra”, relata.

 Lidar com a fama não é uma novidade para Bieber (que mudou seu sobrenome de solteira, Baldwin quando se casou em uma corte novaiorquina). Nascida no Arizona e criada em uma pequena cidade no norte de Nova York, recorda uma infância “incrivelmente normal”junto aos seus pais e sua irmã mais velha, Alaia. “Cresci bastante afastada do mundo, o que eu agradeço. Desde pequena quis me dedicar a ser bailarina e estava obcecada por mulheres como Misty Copeland ou das integrantes do New York City Ballet, assim que minha mãe me pôs na dança eu estava decidida a me dedicar a isso até que completei 18 anos”, fala lembrando da lesão que a obrigou a abandonar as pontas do balé em 2014. “A partir daí não estava muito seguro do que queria fazer, mas não me via em uma Universidade. Decide me arriscar como modelo, e comecei com marcas como Brand Melville e TopShop. Sempre fui consciente de que não estava entrando pela maneira mais aspiracional da indústria”, diz ao comprar sua carreira com outras colegas de profissão (ela é amiga intima de Kendall Jenner e Gigi e Bella Hadid), “Mas nesses primeiros trabalhos me trataram excepcionalmente bem, se os comparo com experiências que vieram depois. Além disso acho que minha evolução foi lenta e bem justa”.

 O mapa que Bieber desenha sobre a indústria da moda mostra como as regras que regem esse mundo mudaram: hoje existem mais ofertas de contratos vinculados as redes sociais do que para campanhas publicitárias tradicionais, e isso foi um dos fatores que fizeram dela uma aposta para marcas de moda e beleza. Só de olhar seu perfil pessoal- chegando aos 25 milhões- se intercalam publicações pessoais com o trailer de Seasons, o documentário que seu marido estreou no Youtube, com imagens patrocinadas pelas marcas e com frases de origem cristã “Não tenho uma estratégia sobre meu perfil nas redes, é simplesmente um reflexo do meu trabalho, da minha vida, e do que eu tenho vontade de contar”, enumera temas como a electrodactilia que afeta seus dedos da mão, os episódios mais complexos de seu marido ou transtornos psicológicos como a depressão, a qual vem falando abertamente nessas plataformas. “Não me sinto responsável nem porta-voz de ninguém, mas existem temas que me tocam e quero pensar que ao comentá-los posso estar ajudando outras pessoas também afetadas por eles. Tenho certeza que muita gente vê minha vida de fora e pensa que ela é perfeita porque tenho sucesso, ou porque tenho dinheiro, o que me proporcionou alguns privilégios. Mas a minha vida está longe de ser assim e eu sofro muitas vezes. Sou uma pessoa muito sentimental e tenho dias ruins, e me parece ser saudável compartilhá-los com as pessoas que me seguem”, “Se algum dia eu tiver filhos”, reflete antes de uma última pausa “espero que esse seja um dos valores que eles herdarão”.

Categorias: Entrevistas, Revistas
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